Roteiro
para LIVE:
Ela! Eu, e minha
riqueza, para Carolina Ferraz
Três atos: comedia, drama e tragédia.
Personagens:
Atriz ; Dj.
Comedia:
Atriz:
Eu mesmo me
recuso a fazer esses challenge que as pessoas se montam, maquiagem, cabelo, lace.
Eu sou uma estrela mais “descontruidona”
Faria mais
sentido eu chegar belíssima de uma premiação, toda versaci, algum joga uma
pantufa na minha cara, e eu me desmonto. Apareço com um roupão tomando
chazinho. sabe Jonny, caminho no menos é mais, eu a Kim somos clientes do
mesmo conceito menos.... sabe. Só um gloss, só um... coisinha,
(lendo) Eu
sou rica...(misteriosa) eu sou
rica.....( rindo) eu-sou-rica, tenho que
decorar esse texto. Caralho.
DJ:
Senhora,
senhora, a senhora pediu....
Atriz:
Não! não pedi
eu mandei porque eu sou ricaaa. Ah! Oi desculpa. Tava lendo um texto aqui.
DJ
A senhora
pediu pra falar comigo?
Atriz:
Sim, Jonny
voce sabe que eu ou um atriz mais desconstuida, mais minimalista né..
DJ:
claro
senhora.
Atriz:
Então....
DJ:
Então.....
Atriz:
Eu não sei
lidar nessa porra Jonny!
Como pra fazer uma live nesse misera aqui?
DJ:
Ah! Mas o que
a senhora quer mesmo?
Atriz:
Performar...
namorar a câmera, construir modulações na minha voz... assim... e assim.... e
finalmente Jonny! Protestar!!! Eu protesto contra isso dai! Tá ok
DJ: ( joga
uns eu sou rica... eu sou rica.. no
cel)
Atriz:
não.. eu não sou
mais essa mulher, estou exauria Jonny.
De que
adianta ser rica e bem hidrata como eu, se nesses momentos da vida todos os
meus saltos são obrigados a ficar em casa? EU ME RECUSO A DEIXAR MEUS SALTOS EM
CASA!
Isso não é um
bom bordão.
DJ:
É não é
mesmo....
Atriz:
Vou querer uma
musica, quero filtro, quero 200k de audiência.
DJ:
Claro, como
quiser senhora.
Atriz:
Graças ao meu
trabalho eu tenho um conta no positivo. Trabalho como atriz, interpreto outras
personalidades ou outros modos de ver o mundo. Porem como um ser humano normal
eu sei bem a diferença entre ficção e vida. Tudo é arte? não. o pum do palhaço não
é arte se for peido mesmo. se cheirar mal, se feder como o bafo do presidente.
DJ:
A senhora da
falando da.....
Atriz:
Regininha?
sim
DJ: e do..
Atriz:
Sim!
DJ:
(falando mais
perto da câmera) Me poupe né mulher! Vai atuar aí, vai fazer a louca nesse
cargo? Regininha não atua
Atriz:
Não atua
Sua cara
lavada, seu cabelinho solto não me engana: atriz! Atua como uma gêmea má de si
mesma!
Não, é assim
que se faz, eu te digo Reginha: é essa a megera que você consegue fazer? É essa
sua performance? Vem debater vilã comigo querida! vem que eu te deixo seca esturricada
e insignificante como a sua participação
no governo. E um dia querida:uma dia esse cargo será meu... só meu. Hahaha.
DJ:
Bafoooo
A senhora é
destruidora mesmo.
Atriz:
Um compositor,
dois escritores laureados, um ator magnífico! Todos mortos durante a sua gestão.
DJ:
E você nem
pra pegar esses óculos brega, sentar na sua cadeira brega e escrever uma
nota....
Atriz:
..que por
mais brega que fosse deixaria registrado esse momento. Isso que vivemos: as
crises do século 21. O ator magnífico,
deixa uma frase dolorosa: foram 85 anos.....muita experiência, muita coisa pra
ensinar. Mas, esses que ai estão não costumam ouvir o ator, a não ser
quando....
DJ:
Qquando ele
grita, berra, explode os som do microfone pra te mostrar que tudo tem limite! É
lindo ver uma senhora, sem maquiagem, atuando...mas isso ai não é palco
querida, isso não é sobre como você canta, ou não quer “desenterrar” criticas. Isso
é sobre resolver crises.
Que por mais
que vocês queiram, o tempo não volta meu bem! É daqui pra frente, os problemas
do século 21 são outros.
O cargo que
você ocupa, exige outro tom. Não atua, não!
Drama.
Atriz:
Gravado!
Dia 11 de
maio, 2030.
Tive um sonho
horrível, eu estava numa praia, brincava de frisby com um amiga. Então surgiu um drone. Voava baixo
demais...e de repente começou a atirar nas pessoas!
Era mais um
ato de terrorismo, e o país ainda estava se recuperando de ato semelhante em
Vitória
Então eu me
vi ali. De frente ao drone com um frisby na mão.
Eu tinha que
fazer era acertar em cheio aquele negocio.
Anos de preparo
no exercito, mais uma boa dose de raiva que eu tenho desses imbecis , foram
anos de preparo pra lutar contra o fanatismo, a ignorância... mas a vida toda
eu me preparei com armas pesadas. Eu luto boxe e faço musculação, e seu atirar
muito bem...
Mas o frisby
era leve demais..
Eu errei.
Depois disso
o terrorista ainda atirou na perna de um senhor antes de descartar o drone na
mar.
Não estava
preparada pra lutar com armas leves.
DJ:
Bom pelo
menos foi na perna.
Atriz:
Na perna não mata,
mas gera medo.
DJ:
Acho que foi Nietzsche
que disse que a arte existe pra que a realidade não nos destrua. A arte é uma
coisa leve, talvez ela como arma tenha mais efeito na luta contra o medo.
Atriz:
O que quero
dizer Jonny é que uma hora vai ser a sua
hora: você vai estar de cara com uma porra de um maluco, ou com o seu
equipamento, e ele vai personificar tudo que você odeia: machismo, racismo,
homofobia. E naquela hora não pode falhar, eu quero a firmeza daquela
enfermeira em frente ao palácio... é isso!.
DJ:
Quando eu for
rica, como tu. Contratarei ela pra cuidar de mim.
Tragédia.
Atriz:
com uma
toalha na cabeça, pega uma garrafinha de água, e começa a cantarolar uma musica
digna de diva, como a Bethania no trensinho caipira ou a Bibi, basta um dia.
DJ: com
toalha na cabeça cantarola Gonzaguinha: viver e não ter a vergonha de ser
feliz.
Assim sobre
os creditos.
Fim.
Curitiba 11
de maio de 2020
Roteirista:
Marcio Campos.
Professor de
filosofia e aspirante a escritor.