segunda-feira, 11 de maio de 2020

Ela! Eu, e minha riqueza, para Carolina Ferraz.


Roteiro para LIVE:

Ela! Eu, e minha riqueza, para Carolina Ferraz


 Três atos: comedia, drama e tragédia.
Personagens: Atriz ; Dj.

Comedia:

Atriz:

Eu mesmo me recuso a fazer esses challenge que as pessoas se montam, maquiagem, cabelo, lace. Eu sou uma estrela mais “descontruidona”
Faria mais sentido eu chegar belíssima de uma premiação, toda versaci, algum joga uma pantufa na minha cara, e eu me desmonto. Apareço com um roupão tomando chazinho.  sabe Jonny, caminho no menos é mais, eu a Kim somos clientes do mesmo conceito menos.... sabe. Só um gloss, só um... coisinha,

(lendo) Eu sou rica...(misteriosa)  eu sou rica.....( rindo)  eu-sou-rica, tenho que decorar esse texto. Caralho.

DJ:

Senhora, senhora, a senhora pediu....

Atriz:

Não! não pedi eu mandei porque eu sou ricaaa. Ah! Oi desculpa. Tava lendo um texto aqui.

DJ

A senhora pediu pra falar comigo?

Atriz:

Sim, Jonny voce sabe que eu ou um atriz mais desconstuida, mais minimalista né..

DJ:

claro senhora.

Atriz:

Então....

DJ:

Então.....

Atriz:

Eu não sei lidar nessa porra Jonny!
 Como pra fazer uma live nesse misera aqui?

DJ:

Ah! Mas o que a senhora quer mesmo?


Atriz:

Performar... namorar a câmera, construir modulações na minha voz... assim... e assim.... e finalmente Jonny! Protestar!!! Eu protesto contra isso dai! Tá ok

DJ: ( joga uns     eu sou rica... eu sou rica.. no cel)

Atriz:
não.. eu não sou mais essa mulher, estou exauria Jonny.
De que adianta ser rica e bem hidrata como eu, se nesses momentos da vida todos os meus saltos são obrigados a ficar em casa? EU ME RECUSO A DEIXAR MEUS SALTOS EM CASA!

Isso não é um bom bordão.

DJ:

É não é mesmo....

Atriz:

Vou querer uma musica, quero filtro, quero 200k de audiência.

DJ:

Claro, como quiser senhora.

Atriz:

Graças ao meu trabalho eu tenho um conta no positivo. Trabalho como atriz, interpreto outras personalidades ou outros modos de ver o mundo. Porem como um ser humano normal eu sei bem a diferença entre ficção e vida. Tudo é arte? não. o pum do palhaço não é arte se for peido mesmo. se cheirar mal, se feder como o bafo do presidente.

DJ:

A senhora da falando da.....

Atriz:

Regininha? sim

DJ: e do..

Atriz:

Sim!

DJ:

(falando mais perto da câmera) Me poupe né mulher! Vai atuar aí, vai fazer a louca nesse cargo? Regininha não atua

Atriz:
Não atua

Sua cara lavada, seu cabelinho solto não me engana: atriz! Atua como uma gêmea má de si mesma!

Não, é assim que se faz, eu te digo Reginha: é essa a megera que você consegue fazer? É essa sua performance? Vem debater vilã comigo querida! vem que eu te deixo seca esturricada e insignificante  como a sua participação no governo. E um dia querida:uma dia esse cargo será meu... só meu. Hahaha.

DJ:

Bafoooo
A senhora é destruidora mesmo.

Atriz:
Um compositor, dois escritores laureados, um ator magnífico! Todos mortos durante a sua gestão.

DJ:

E você nem pra pegar esses óculos brega, sentar na sua cadeira brega e escrever uma nota....

Atriz:

..que por mais brega que fosse deixaria registrado esse momento. Isso que vivemos: as crises do século 21.  O ator magnífico, deixa uma frase dolorosa: foram 85 anos.....muita experiência, muita coisa pra ensinar. Mas, esses que ai estão não costumam ouvir o ator, a não ser quando....

DJ:

Qquando ele grita, berra, explode os som do microfone pra te mostrar que tudo tem limite! É lindo ver uma senhora, sem maquiagem, atuando...mas isso ai não é palco querida, isso não é sobre como você canta, ou não quer “desenterrar” criticas. Isso é sobre resolver crises.
Que por mais que vocês queiram, o tempo não volta meu bem! É daqui pra frente, os problemas do século 21 são outros.

O cargo que você ocupa, exige outro tom. Não atua, não!

Drama.

Atriz:

Gravado!
Dia 11 de maio, 2030.
Tive um sonho horrível, eu estava numa praia, brincava de frisby  com um amiga. Então surgiu um drone. Voava baixo demais...e de repente começou a atirar nas pessoas!
Era mais um ato de terrorismo, e o país ainda estava se recuperando de ato semelhante em Vitória
Então eu me vi ali. De frente ao drone com um frisby na mão.
Eu tinha que fazer era acertar em cheio aquele negocio.

Anos de preparo no exercito, mais uma boa dose de raiva que eu tenho desses imbecis , foram anos de preparo pra lutar contra o fanatismo, a ignorância... mas a vida toda eu me preparei com armas pesadas. Eu luto boxe e faço musculação, e seu atirar muito bem...
Mas o frisby era leve demais..
Eu errei.
Depois disso o terrorista ainda atirou na perna de um senhor antes de descartar o drone na mar.

Não estava preparada pra lutar com armas leves.

DJ:

Bom pelo menos foi na perna.

Atriz:

Na perna não mata, mas gera medo.

DJ:
Acho que foi Nietzsche que disse que a arte existe pra que a realidade não nos destrua. A arte é uma coisa leve, talvez ela como arma tenha mais efeito na luta contra o medo.

Atriz:

O que quero dizer Jonny é que uma hora vai ser a sua hora: você vai estar de cara com uma porra de um maluco, ou com o seu equipamento, e ele vai personificar tudo que você odeia: machismo, racismo, homofobia. E naquela hora não pode falhar, eu quero a firmeza daquela enfermeira em frente ao palácio... é isso!.

DJ:

Quando eu for rica, como tu. Contratarei ela pra cuidar de mim.


                                                               Tragédia.

Atriz:
com uma toalha na cabeça, pega uma garrafinha de água, e começa a cantarolar uma musica digna de diva, como a Bethania no trensinho caipira ou a Bibi, basta um dia.

DJ: com toalha na cabeça cantarola Gonzaguinha: viver e não ter a vergonha de ser feliz.

Assim sobre os creditos.

Fim.












Curitiba 11 de maio de 2020

Roteirista: Marcio Campos.

Professor de filosofia e aspirante a escritor.

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